Como um peixe fora de àgua...é assim que sempre me senti!
O mundo sempre foi demasiado pequeno e claustrofóbico para mim, o aquário demasiado redondo, monótono, talvez por isso nunca senti que pertencesse a nenhum grupo, a lugar nenhum, havia sempre um desejo de ver mais, de saber mais...
Talvez tenha sido esta inadaptação que senti quando aos 13 anos mudei de cidade, que me levou a ser a pessoa que sou hoje, que me levou a viver a minha vida num mundinho muito próprio, chegando a ser muito conformista, muito sossegada no meu canto, de não entrar em grupos ou grandes atitudes rebeldes só porque não me "encaixava em lugar algum".
Acabei por me refugiar em mim, na ecrita, na leitiura, na musica e tantas outras coisas...
Enquantos os outros putos todos arranjavam problemas e usavam e abusavam das drogas, eu acabava por ficar à margem, dividida entre um certo sentimento de rebeldia e a responsabilidade de me comportar como alguém consciente e responsavel (coisa que sempre me incutiram desde...sempre!).
Mas sempre me dei com toda a gente, independetemente da classe, do satus, do aspecto, da filosofia ou da religião...
Cedo percebi que o pessoal mais velho era aquele com quem eu gostava de me dar....mas lá está era vista como a menininha, a miúda, a pita...não teve importância, pois ainda hoje e isso que acontece! Cá em casa, a musica sempre foi uma constante, tive aulas de musica, tocava teclas, ouvia os discos do meu pai do Crosby and Nash, a banda sonora do Jesus Christ Super Star e dos Beatles...quem é que aos 10 anos ouve Crosby and nash ou os Beatles, numa época em que brilhava a Madona ou os Duran Duran???
Com 11 ou 12 ia às matinés da escola secundária da minha irmã, as festas onde só se ouvia metallica, megadeth, AC/DC, Capitão Fantásma e coisas do género....pairavamos entre o Rock a Billy e o Metal...era engraçado andar no meio dos amigos dela, cada um com um ar mais engraçado que o outro, tinham estilo, usavam os cabelos com umas poupas enormes, tods muito bem penteadas, as correntes nas calças, os blusões a la americana, os jeans linha direita e estreitos, mostravam as figuras magras e franzinas. Elas das duas uma, ou se vestiam muito numa onda rerivalista do Rock americano, com saias rodadas e cabelinhos apanhados com a franjinha direita, ou então tinha o look mais metal, mais masculino, dark and black!
O único cheirinho dessa época foram os Jeans e os sapatos a rock a billy com umas solas grossissimas, que me davam um gozo enorme e eram bem bons na epoca das chuvas...
Depois tudo mudou...
Eu mudei de zona, mudamos para a outra margem do rio...foi como entrar na twilight zone!
As coisas não eram como hoje, trocar moradas e telefones fixos, não é o mesmo que trocar telemoveis e Hi5 e blogs e falar no MSN. Os contactos com os amigos foram-se perdendo e apesar de ter revisto alguns deles logo um ano após, e de me terem feito sentir que realmente eramos amigos, cada um deles seguiu a sua vida!
Nessa altura sim...tinha amigos!
Com 13 anos e uma cidade nova para descobrir, para me enraizar foi dficil. As pessoas não eram iguais, os modos de estar, de ser, de viver também não. Eu era a "outsider", a menina betinha, boa aluna, com gostos de musica esquzitos e nada dada a beleza fisica!
Naquela altura o liceu respirava dois ambientes: os metal's que se metiam em coisas obscuras e viviam muito fexados sobre eles próprios e os dred's, o pessoal virado para o rap, malta dos gangs, que procuravam passar o tempo em rixas e a chatear os outros. Todos aqueles que não encaixavam nestes perfis...eram os chamados "Betos"!
Era uma escola problemática, fiz algumas amizades nos vários grupos, mas nunca me adaptei!
Saí com o 12º ano e o alivio de finalmente passar a um outro nível, a faculdade parecia um Oasis que mais tarde se revelou mais um rio infestado de piranhas, conhece-se muita gente, ve-se muita coisa, mas mais uma vez aquilo não era para mim...
De lá ficaram poucas amizades fortes! Algumas mantêm-se até hoje....
Mas continuo a sentir-me como um peixe fora de àgua, não sou daquelas pessoas com um grupo fixo de amigos, que se juntam sempre em grandes borgas e farras, existem isso sim algums pessoas de quem eu gosto muito, com quem me preocupo independetemente da distância, do silêncio, de nos vermos de tempos a tempos...enfim!
Ontem o desabafo do post tem um bocado a ver com isso, com as amizades, com a família, com os amores, com os relacionamentos de qualquer natureza, que a determinada altura me começam a sufocar não por serem demais, mas por se chegar a um ponto em que as pessoas não estam no mesmo nivel de sintonia.
Enquanto amiga, namorada, familiar whatever...interesso me pelo que as pessoas fazem, os projectos, aquilo que são, como estão, como tem corrido a vida...gosto de lhes telefonar, saber como estão, mas respeito sempre os espaços, talvez até demais...não sei! Acima de tudo valorizo a amizade desprendida, desinteressada, o dar e receber sem imposições...sem aquela história do ai fulana tal faz anos vou comprar uma prenda, não se me apetecer presentear alguém sem motivo mais gozo me dá! Não gosto de festas tipo natal e aniversários pela questão das prendas, é o momento...passar o dia preocupada com a arvore de natal que tem de ser decorada, com o jantar para receber quem vem celebrar comigo....enfim! No aniversário prefiro não receber presentes mas ter as pessoas comigo, ver que elas se deslocam até mim para estar comigo nem que seja 5 min e dar-me um abraço de felicidades...
Odeio essa historia do "tenho o teu presente de natal...temos mesmo que arranjar um tempinho para nos encontrar!!" Guardem o dinheiro do presente, deiem-no a quem quizerem, vamos fazer uma jantarada...
Será assim tão dificil???
Eu sei que tenho os meus momentos....que não tenho saído, que tenho estado enfiada no meu mundinho a tentar endireitar a vidinha, sei que tenho alguma culpa de não lhes falar mais, de não os ver mais vezes...e assumo isso! Mas quando penso bem outra coisa me vem a cabeça...pensar que ligo a alguém para sair e depois ouvir que ai hoje não da porque tou a arrumar a casa, ou ai hoje o não sei quantos (o namorado portanto) não vem ter comigo, não pode ser outro dia? Ou outra coisa qualquer...
Serei eu assim tão complicada ou escapa-me algo??? Namorado, marido, whatever é sinónimo de lapa, grudada, de perder a autonomia, de aniquilar a personalidade??? Ou será que sou eu a divagar porque afinal eu sou solteira e não sei o que é isso....??? E assim tão dificil estar a sós com aquele amigo/a do peito e falar de tudo e mais alguma coisa sem ter que estar ali a fazer de vela, ou a olhar para os dois enquanto eles têm conversas quase em código sobre coisas que eles fazem e que eu apanho do ar???
Tenho pena de ter muito pouca gente para partilhar as minha paixões, tenho pena que não compreendam, que as vejam como meros hobbies ou "entretens", tenho pena que fiquem presos a uma rotina diaria, de serem pouco arrojados naquilo que querem alcançar...mas ainda assim estou lá para eles, para os ver casar, ter bebés e serem felizes à sua maneira!
Eu continuarei a ser a eterna solitária, com a cabeça cheia de utopias, filosofias e sonhos, uma pessoa de convições e de paixões que nunca desiste de evoluir mais e mais....